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Pantufeta

 

cinema

“(...) E tão fortuitamente criado pelo vento
e pela terra que se inclina
este ocaso laranja sobre azul
esplêndido e Kitsch (...)
Ana Hatherly

O Alentejo é especial para mim.
Em Portugal, esta é a zona mais densamente povoada pelos Alemães, alguns dos quais decidiram ficar para sempre, atraídos pelo magnetismo deste lugar, numa espécie de impulso romântico pós-moderno. Um acto solipsista cometido com alegre violência social-suicidária: abandonar os empregos e os amigos, viver isolado na serra.
No final dos anos 80 os punks tornava-se vagamente “pós”. Ouvíamos The Sound, Joy Division, Sonic Youth, X-Mal Deustchland e muito por culpa destes alemães “exilados”, também Einstuerzende Neubauten, Sprung aus den wolken, Crime and the city solution, D.A.F, Toedlich Doris...
O Alentejo era então o local mais interessante de Portugal: misturavam-se punks, ecologistas, terroristas, renegados, poetas, alentejanos...
No início dos anos 90, o romantismo acabou de forma feliz: Multiplicaram-se as raves a céu aberto no meio do monte. O techno chegou de Berlim (Cristian Vogel, Beltram, Mills) em caravanas improvisadas: cães, pó, crianças, noites brancas em cenário despojado. Cheguei também por esta altura.
Entre projectos de sociedade alternativa e squats em aldeias, conheci então pessoas com as quais trabalhei mais tarde no BODY RICE. Primeiro em workshop e depois no filme de ficção.
Hugo Vieira da Silva

“It's not over...”
D.J.Rush (It's not over)

As minhas personagens são sombras. Nunca sabemos tudo sobre nada nem tudo sobre ninguém. Katrin está possuída por uma violência surda de memórias das quais nunca toma completamente consciência.
Tal como Katrin as outras personagens estão desterritoralizadas daí que uma sensação de “deslocação” e permanente inquietude sejam os sentimentos colectivos.
Eu quis registar estes corpos periféricos à superfície. Na pele. Isso quer dizer que quis evitar a psicologia. Queria falar sobre a “ausência”. O desafio foi, como manter as personagens sem psicologia uma vez que no sentido ficcional clássico elas vivem disso mesmo.
Tinha o desejo de reduzir a “representação” dos actores a um nível epidérmico e trabalhar a superfície do corpo como um mapa emocional do interior das personagens. Daí que me assuma como uma espécie de cineasta-dermatólogo com a tarefa de construir em permanência uma espécie “pele”.
No cinema interessa-me fundamentalmente o que “não é visto” e o “silêncio” daí que os eventos narrativos sejam por vezes suspensos ou desagúem em possibilidades performativas dos corpos e das situações.
Ao mesmo tempo, uma ideia ganhou forma, durante o meu trabalho documental prévio (em forma de workshop) com alguns dos adolescentes inseridos nos projectos sociais: Na vida, nada tem um fim, tudo é fragmentado, e a minha (nossa) tarefa é reconstruir continuamente para perder tudo de novo. Durante esse tempo evaporou-se toda e qualquer noção de absoluto. Com eles, apreendi o valor de conceitos como “instabilidade”, “mutação”, de “corpos híbridos” e construíram-se assim novas “psico-geografias”. Ensaiou-se a possibilidade de um “pós-corpo”. Ou seja, quando este não é mais um limite, uma barreira, para passar ser apenas uma cápsula.
No filme, o “fim da psicologia” é como um retrato do meu mundo e da minha geração e também de uma certa forma de pensar o cinema. Estes sentimentos invadem e infectam o filme: algo associado à sensação de que a plenitude, o amor (no sentido tradicional) não é alcançável. Isso não significa contudo que as personagens sejam infelizes. Eu concebo-as como profundamente vitalistas. Não as imagino dramáticas nem morais porque então não as reconheceria. Todos transportam desejos que se expressam de uma forma não-convencional. Não estou por isso interessado em “corpos normais” ou formatados.
Uma acção iniciada, suspendida, esquecida. Como uma catástrofe muda, irreversível que lentamente se desenvolve. Como uma doença em permanente viagem e é esta viagem que se vai tornar o único objecto do filme. Filmar esta jornada implica um tempo de observação, um tempo suspenso…
Hugo Vieira da Silva

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